-As ideias já estão ajustadas à reforma ortográfica-

terça-feira, abril 27, 2010

Do outro lado do coração quebrado.


Já li várias vezes o Saint-Exupéry e concordei sempre com aquela frase que diz que a gente se torna eternamente responsável pelo que cativamos, mas nunca tinha me detido ao poder do "eternamente".

Cativar uma pessoa é uma responsabilidade muito grande mesmo. Ela é apenas uma rosa, mas será para ele única no mundo. E a rosa será ETERNAMENTE responsável por isso. Se a rosa cativar e for embora, por incrível que pareça não será apenas ele que vai sentir, mas a rosa - mesmo que ela ela o tenha abandonado - vai sofrer com isso também. Quebrar um coração não é uma dor exclusiva para o coração quebrado.
A rosa vai sofrer porque ele vai culpá-la por ter sido iludido, por ter sido enganado e por se levar pelo amor, quando na verdade nem sabia se era amor ainda. Mas estava tão convicta quando dizia "vc também é para mim único no mundo", tão inebriada que estava contando uma mentira até para ela mesma. Até que a rosa se deu conta de sair do conto de fadas e ir pra vida real. Ela percebeu que pagou um alto preço por viver as emoções intensamente. Por voar tão alto a ponto de não ver nenhum chão. E notou que os poetas estão errados quando dizem que a gente deve só viver de amor e esquecer o mundo. Que "se entregar" é coisa só de música. Não é assim que funciona. A rosa notou que é melhor voltar para o ceticismo que sempre teve, que pode ser taxado de frio, mas pelo menos não será taxado de mentiroso posteriormente.

Em momento algum quebrar um coração é motivo para se vangloriar, tirar sarro ou contar vantagem. Pelo menos no caso da rosa em questão. Ainda assim ela descobriu a verdade sobre seus sentimentos a tempo - não o suficiente pra ter sido tarde demais - mas desta vez teve coragem o suficiente pra não cultivar o pior sentimento que uma pessoa pode sentir por outra: a pena. Com coragem ela disse: eu te cativei, eu sei, mas tu não é para mim único no mundo.

E assim o mundo segue, nesses encontros e desencontros. A verdade dói, mas ainda dói menos que a mentira. E a pior mentira é mentir sobre os sentimentos.

Por isso, Dona Rosa, muito, mas muito cuidado na hora de cativar o próximo.

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