-As ideias já estão ajustadas à reforma ortográfica-

segunda-feira, julho 12, 2010

Mess


Já faz três anos que eu moro sozinha. Hoje quando me vejo saindo de casa naquele dia 4 de agosto, lembro exatamente do que eu estava sentindo, além da dor da partida. Desde a adolescência tive uma vontade gritante por independência, o que não é nada fora do comum nesta idade. A diferença é que só quando se sai de casa a gente percebe que a comida não aparece nas panelas, a roupa suja não surge dobrada e limpa na cama e se o teu despertador não toca, sua mãe não vai gritar no seu quarto.
Mas a maior diferença são as responsabilidades pelos nossos atos. Você passa a ser inteiramente responsável pelas suas escolhas. Se vc fracassar, não haverá ninguem pra culpar a não ser voce mesmo. Isso é uma difícil lição. Li uma vez que há duas maneiras de se aprender as coisas: ou com disciplina, ou com os erros. Honestamente, cansei da segunda opção.

sexta-feira, junho 11, 2010

Ações.





Esses dias, parei pra pensar que os relacionamentos entre pessoas são como investir em ações na bolsa: há aquelas de alto risco, e as de baixo risco [note que, mesmo sendo baixo, sempre há um certo risco]. Assim como os compradores podem ser arrojados ou moderados. Imagine que você tenha uma quantia de dinheiro e quer investir em ações. Pensando em extremos você pode escolher as de alto risco: aquelas que podem te dar uma grande satisfação com ganhos extraordinários em curto prazo, mas ao mesmo tempo podem fazer com que você perca tudo que ganhou e ainda perder o valor investido, o que te deixa bem deprimido.
Por outro lado, pode investir nas de baixo risco: os ganhos não são tão atrativos, mas o risco de perda também é baixo. Todavia no longo prazo é um investimento bem mais seguro.

Assim como o mercado financeiro, no "mercado de relacionamentos" todo dia há compradores e vendedores de sentimentos. E vc com valor pra investir, que é o seu tempo de vida. Só não esqueçamos nunca, que tempo é um recurso escasso, e também é um custo irreversível. Escolher qual ação comprar é muito difícil, porque as de curto prazo são bem fascinantes e, no fundo, vc acredita mais nos lucros do que nos prejuízos que ela pode te proporcionar. E as de longo prazo não são fáceis de detectar ou às vezes simplesmente você não está preparado para carregar a responsabilidade de administrá-la.

E o curioso disso tudo é que as pessoas nunca deixam de investir!


Por hoje, é só isso. Chega de ideias descartaveis.

terça-feira, abril 27, 2010

Do outro lado do coração quebrado.


Já li várias vezes o Saint-Exupéry e concordei sempre com aquela frase que diz que a gente se torna eternamente responsável pelo que cativamos, mas nunca tinha me detido ao poder do "eternamente".

Cativar uma pessoa é uma responsabilidade muito grande mesmo. Ela é apenas uma rosa, mas será para ele única no mundo. E a rosa será ETERNAMENTE responsável por isso. Se a rosa cativar e for embora, por incrível que pareça não será apenas ele que vai sentir, mas a rosa - mesmo que ela ela o tenha abandonado - vai sofrer com isso também. Quebrar um coração não é uma dor exclusiva para o coração quebrado.
A rosa vai sofrer porque ele vai culpá-la por ter sido iludido, por ter sido enganado e por se levar pelo amor, quando na verdade nem sabia se era amor ainda. Mas estava tão convicta quando dizia "vc também é para mim único no mundo", tão inebriada que estava contando uma mentira até para ela mesma. Até que a rosa se deu conta de sair do conto de fadas e ir pra vida real. Ela percebeu que pagou um alto preço por viver as emoções intensamente. Por voar tão alto a ponto de não ver nenhum chão. E notou que os poetas estão errados quando dizem que a gente deve só viver de amor e esquecer o mundo. Que "se entregar" é coisa só de música. Não é assim que funciona. A rosa notou que é melhor voltar para o ceticismo que sempre teve, que pode ser taxado de frio, mas pelo menos não será taxado de mentiroso posteriormente.

Em momento algum quebrar um coração é motivo para se vangloriar, tirar sarro ou contar vantagem. Pelo menos no caso da rosa em questão. Ainda assim ela descobriu a verdade sobre seus sentimentos a tempo - não o suficiente pra ter sido tarde demais - mas desta vez teve coragem o suficiente pra não cultivar o pior sentimento que uma pessoa pode sentir por outra: a pena. Com coragem ela disse: eu te cativei, eu sei, mas tu não é para mim único no mundo.

E assim o mundo segue, nesses encontros e desencontros. A verdade dói, mas ainda dói menos que a mentira. E a pior mentira é mentir sobre os sentimentos.

Por isso, Dona Rosa, muito, mas muito cuidado na hora de cativar o próximo.